Publicada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Nota Técnica “Hidrogênio e Biomassa”, revela uma oportunidade estratégica ainda pouco explorada: o uso da bioenergia e da vasta disponibilidade de biomassa em território nacional para a produção de hidrogênio de baixo carbono.
Esta abordagem não apenas amplifica a diversificação da matriz energética brasileira, mas também fortalece a economia nacional, alinhando o país às mais modernas demandas de descarbonização adicionando uma significativa vantagem competitiva frente à outros países e bloco econômicos globais.
O documento destaca uma relação de benefício mútuo fundamental: a biomassa, um recurso renovável e abundante em todo o território nacional, oferece rotas tecnológicas únicas e competitivas para gerar hidrogênio de baixo carbono.
O hidrogênio de baixo carbono, produzido com biomassa, agrega um imenso valor à cadeia da bioenergia, criando novos mercados e produtos de alta tecnologia, como o Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e o Metanol Verde.
Os dados gráficos mostram o “Potencial de Biomassa: Produção Primária Líquida (NPP)” indicando que o Brasil possui uma produtividade de biomassa de 8,5 toneladas de carbono por hectare-ano, mais que o dobro da média mundial.

O documento também evidencia, de forma inequívoca que existe uma capacidade natural inigualável para fornecer a matéria-prima necessária, não apenas de culturas energéticas, mas também de resíduos agrícolas e agroindustriais, que hoje são subutilizados.
Essa abundância de matéria-prima, que vai desde o bagaço da cana e palhas de milho até resíduos de madeira e dejetos, pode ser convertida em hidrogênio por meio de rotas termoquímicas maduras, como a gaseificação e a pirólise.
O processo é ainda mais promissor, pois, ao utilizar o carbono de origem biogênica presente na própria biomassa, ele se torna um insumo estratégico para a produção de combustíveis sintéticos, como o Diesel Verde e o SAF, que são “drop-in”, ou seja, compatíveis com a infraestrutura logística e os motores atuais.
A análise da demanda futura por hidrogênio reforça essa oportunidade. O Gráfico 6 do documento, “Demanda consolidada de hidrogênio em sistemas de bioenergia”, projeta um crescimento exponencial.

A partir de 2027, a demanda por H₂ apenas nos sistemas de bioenergia brasileiros (para produção de fertilizantes, metanol para biodiesel e biocombustíveis avançados) já deverá superar toda a produção nacional de hidrogênio de 2023.
Isso sinaliza a criação de um mercado interno robusto e consistente, impulsionando a construção de novas cadeias produtivas.
Além disso, a produção de hidrogênio a partir da biomassa, especialmente quando combinada com a tecnologia de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS), pode resultar em emissões negativas, removendo CO₂ da atmosfera.
Essa característica única posiciona o biohidrogênio brasileiro como uma solução premium no mercado global de descarbonização, superando em muito apenas o seu valor energético e contribuindo de forma decisiva para as metas climáticas.
Neste sentido, a Nota Técnica da EPE, não é apenas um estudo, mas um mapa estratégico que evidencia a grande disponibilidade de recursos no Brasil, a expertise consolidada do setor Agroindustrial como fatores que colocam o país em condições de liderar a revolução do hidrogênio de baixo carbono pela rota da biomassa e da bioenergia.
A integração entre a bioenergia e o hidrogênio não é uma possibilidade distante, mas uma realidade iminente que pode e deve ser acelerada, promovendo a reindustrialização verde, a segurança energética e consolidando o país como uma potência na economia de baixo carbono.
Explorar o potencial da biomassa é o passo lógico e estratégico para que o Brasil não apenas participe, mas lidere a transição energética global, transformando seus recursos naturais em prosperidade econômica e sustentabilidade para as futuras gerações.
O caminho está traçado !
Link para acessar a Nota Técnica sobre hidrogênio e biomassa: oportunidades para o Brasil
Imagem de destaque do artigo extraída da Capa da Nota Técnica elaborada pela EPE.
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Elaborado por Frederico Freitas
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