A corrida pela descarbonização da Aviação Comercial já começou. O setor é responsável por 3,5% de todas as emissões de Gases de Efeito Estufa. A busca por soluções de transporte aéreo mais sustentáveis movimenta fabricantes de aeronaves comerciais e grandes empresas aéreas.
As mais de 300 empresas aéreas globais, associadas à da International Air Transport Association (IATA), que juntas representam 83% de todo o tráfego aéreo comercial do mundo, assumiram o compromisso de reduzir gradualmente suas emissões de CO2 e alcançar emissões líquidas zero até o ano de 2050.
Para se ter uma ideia, de 1940 a 2018, os aviões comerciais lançaram 32,6 bilhões de toneladas métricas de CO2 na atmosfera do nosso planeta.
Metade disso foi gerada nos últimos 20 anos, devido ao aumento do número de voos, expansão das frotas e o incremento do transporte de passageiros especialmente na Ásia.
Promover a descarbonização da Aviação Comercial, significa substituir a propulsão dos aviões comerciais dos atuais combustíveis fósseis pelo Sustainable Aviation Fuel (SAF), que pode ter sua produção amplificada com a oferta de Hidrogênio Verde.
O desafio é gigante pois, ao mesmo tempo em que é urgente a necessidade de descarbonização do setor, a demanda por transporte aéreo no mundo está em franca expansão.
Para as próximas três décadas, as estatísticas apontam para um aumento expressivo na demanda por transporte aéreo. Para o ano de 2050, as estimativas indicam que 10 Bilhões de passageiros serão transportados por aviões comerciais em todo o mundo.
Adicione a esta equação uma resolução da International Civil Aviation Organization (Icao), uma agência especializada , vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) que tem o papel de coordenar ações de segurança e eficiência operacional do transporte aéreo mundial.
Tal resolução determina que o setor aéreo deverá manter, de agora em diante, os mesmos níveis de emissão de CO2 e Gases de Efeito Estufa registrados no ano de 2019.
Isto significa que qualquer crescimento na oferta de rotas aéreas, volume de passageiros, aumento da frota etc., precisa ser CARBONO NEUTRO a partir de 2020 !
É por esta razão que os maiores fabricantes de aviões comerciais do mundo estão em uma corrida desenfreada para lançar seus primeiros de aviões comerciais “Carbon Free” até o final desta década !
Além dos fabricantes de aviões comerciais, grandes empresas aéreas também se movimentam na busca por operações aéreas mais sustentáveis.
Em uma iniciativa pioneira nos EUA, a United Airlines criou um fundo para preencher a lacuna entre empresas e consumidores por meio do apoio à descarbonização do setor aéreo.
Chamado United Airlines Ventures Sustainable Flight Fund SM, este fundo de investimento tem como missão incentivar pesquisas e tecnologias de fabricação de Sustainable Aviation Fuel (SAF).
O fundo começa com mais de US$ 100 milhões em investimentos da United Airlines e de seus parceiros inaugurais Air Canada, Boeing, GE Aerospace, JPMorgan Chase e Honeywell.
Em uma estratégia de engajamento de seus clientes e parceiros, durante a compra de seu bilhete aéreo, o passageiro tem a opção de contribuir para incrementar a disponibilidade de recursos financeiros deste fundo de investimentos. Em contrapartida, os primeiros clientes a fazerem esta opção, recebem 500 milhas aéreas.
Além das substituições do combustível fóssil pelo Sustainable Aviation Fuel (SAF), a estratégia das empresas aéreas também passa pelo:
- Uso de aeronaves mais modernas e com melhor eficiência energética;
- Melhorias operacionais como o uso racional do espaço interno e consequente redução do peso das aeronaves;
- Conscientização dos passageiros no que diz respeito à compensação voluntária das suas emissões de CO2 durante suas viagens aéreas.
Olhando para o cenário doméstico, o Brasil tem potencial para produzir uma quantidade significativa de Combustível Sustentável de Aviação.
Estimativas da Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB) indica que temos condições de produzir 9,0 bilhões de litros de Sustainable Aviation Fuel (SAF) por ano !
É um volume suficiente para suprir toda a demanda do Brasil !
Para “destravar” este potencial, é preciso uma coordenação de forças, envolvendo todas as esferas de Governos, Instituições de Pesquisa & Desenvolvimento, Iniciativa Privada e Fundos de Investimentos.
Incentivar a descarbonização da Aviação Comercial do Brasil tem grande potencial de gerar inúmeras oportunidades, colocando nosso país na rota da Economia de Baixo Carbono.
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Elaborado por Frederico Freitas
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