Aço Verde, o grande desafio da Indústria Siderúrgica

Combustíveis fósseis são usados como insumo para o derretimento do minério de ferro e obtenção do aço.  Na proporção em que a sociedade exige, cada vez mais, produtos livres de emissões de CO2, fica evidente que o Aço Verde é o grande desafio da Indústria Siderúrgica.

A indústria do Aço é responsável por 8,0 % das emissões globais de CO2 de acordo com dados da World Steel Association, uma das maiores associações industriais do mundo, com membros em todos os principais países produtores de aço.

Se a indústria do aço fosse considerada um país, seria o terceiro maior emissor de CO2 e Gases de Efeito Estufa (GEE) do planeta ficando atrás dos EUA e à frente da Índia. Ocorre que 71% do aço produzido no mundo usa combustíveis fósseis para realizar a redução química do minério de ferro e obtenção do aço, produzindo elevadas emissões de CO2.

As estatísticas são assustadoras, somente no ano de 2020 a Indústria Siderúrgica Mundial emitiu 3,0 GtCO2e (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente).

No Brasil as emissões atingiram a marca de 107 Milhões de toneladas, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima, uma rede com mais de setenta Organizações não Governamentais que discute a questão das mudanças climáticas no contexto brasileiro.

No processo tradicional o carbono, presente nos combustíveis fósseis, promove uma redução química no minério de ferro resultando em ferro metálico e CO2 conforme a demonstração simplificada da reação química:

2Fe2O3 + 3C -> 4Fe + 3CO2

Na produção de Aço Verde, utiliza-se o Hidrogênio Verde que é livre de carbono para fazer a redução química do minério de ferro e o resultado é o mesmo ferro metálico, porém com emissão de vapor de água, conforme vemos nas equações químicas demonstradas abaixo:

Fe2O3 + 3H2 -> 2Fe + 3H2O    ,      FeO +H2 -> Fe + H2O

Observamos que , do ponto de vista técnico, é perfeitamente viável alterar o “combustível” redutor do minério de ferro reduzindo emissões de CO2 e outros Gases de Efeito Estufa da Indústria Siderúrgica.

Entretanto, a produção de Aço Verde é o grande desafio da Indústria Siderúrgica para as próximas décadas.

Alguns dados mostram o tamanho dos esforços que precisarão ser empreendidos para que ocorra uma verdadeira revolução na forma como a indústria produz este insumo indispensável para nossa vida moderna.

Relatório produzido pela Consultoria Britânica Wood Mackenzie, aponta que a produção de Aço Verde, pela Indústria Global, vai exigir:

  • Oferta de 52 milhões de toneladas de H2 verde anualmente até 2050;
  • Adição de 2.000 GW de energia renovável, isto significa “energia nova”;
  • Disponibilidade de 600 GW de capacidade de eletrolisadores até 2050;

Além da abundante oferta de Hidrogênio Verde, Energia Renovável e equipamentos para realizar a eletrólise, a consultoria britânica aponta um custo estimado de US$ 400 Bilhões para que todo o ecossistema siderúrgico global tenha condições de adaptar sua produção para o Aço Verde.

O desafio é gigante, mas a indústria siderúrgica começa a dar os primeiros passos.

Em recente anúncio na imprensa especializada, a  ArcelorMittal , maior empresa de siderurgia do mundo, e a companhia sueca Vattenfall se juntaram a outros pesos-pesados para reduzir as emissões em processos industriais por meio do uso de hidrogênio.

Se por um lado, há uma pressão da sociedade, por produtos e mercadorias livres de emissões de CO2 e Gases de Efeito Estufa, na outra ponta os produtores buscam mecanismos legais e regulatórios que promovam garantia jurídica necessária para realizarem os altos investimentos que serão demandados.

O Brasil figura entre os 10 maiores produtores de aço do mundo e, um documento com os principais desafios para produção do Aço Verde em nosso país foi apresentado ao Governo Federal pelo IBRAM ( Instituto Brasileiro de Mineração ).

Trata-se de uma entidade que reúne mais de 120 associados, responsáveis por 85% da produção mineral do país e que, em conjunto com outras associações setoriais, tem participação efetiva na construção deste diálogo voltado para a sustentabilidade.

Entre os principais pontos deste manifesto, cabe registrar três importantes eixos estratégicos:

  • Alteração da fonte energética utilizada nos processos – programa constituído de iniciativas de substituição de combustíveis de alto teor de carbono por combustíveis renováveis;
  • Otimização dos ativos da mineração – programa constituído de iniciativas de troca de equipamentos ou instalação de peças que otimizem o consumo de combustível ou eletricidade;
  • Uso de novas tecnologias na mineração – programa constituído de iniciativas de alteração de desenho das minas e uso de equipamentos avançados para a mineração;

De forma conclusiva, é preciso encontrar uma equação capaz de garantir o Hidrogênio Verde a um custo de USD 2,0 / Kg, o que tem o potencial de garantir o custo médio do Aço Verde em um patamar de USD 100 / Tonelada.

Mesmo com variações entre 15% e 20% no custo de produção do Aço Verde em relação ao Aço tradicional, esta diferença pode ser absorvida por meio de compensações financeiras de agentes financiadores de ações voltadas à descarbonização da economia global.

Perceba que a grande questão não é a produção de Hidrogênio Verde propriamente dita, mas sim uma equação capaz de garantir uma estrutura de custos e segurança jurídica capaz de promover a transição da Indústria Siderúrgica para uma Economia de Baixo Carbono.

De fato, o Aço Verde é o grande desafio da Indústria Siderúrgica !

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Elaborado por Frederico Freitas

O conteúdo aqui postado é apenas para fins informativos e compartilhamento de conhecimento profissional.

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Imagem de fanjianhua no Freepik

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