Gigante do setor de transporte marítimo anuncia planos de investir € 10 Bilhões para descarbonizar suas operações. Não há dúvidas de que o Metanol Verde é a chave para descarbonização do Transporte Marítimo Mundial.
Tão importante quanto produzir Hidrogênio Verde, com baixas emissões de CO2, é encontrar aplicações economicamente viáveis e capazes de dar competitividade a este vetor energético indispensável à transição energética.
Com propriedades únicas, o Hidrogênio tem diversas aplicações quer seja na produção de fertilizantes sustentáveis, aço verde e até mesmo na produção de alimentos como é o caso da margarina presente na geladeira de nossas casas que, nada mais é do que uma gordura hidrogenada.
Uma aplicação capaz de gerar grande valor agregado para o Hidrogênio Verde é a produção de combustíveis sintéticos como é o caso do Metanol Verde.
Inicialmente o Metanol é muito usado na indústria de plásticos, na extração de produtos animais e vegetais, e como solvente em reações de importância farmacológica, como no preparo de colesterol e vitaminas.
Questões relacionadas ao seu grau de toxidez, principalmente à saúde humana, sua capacidade de desencadear processos de corrosão em ligas metálicas e outras questões técnicas, levantam debates, em diversos países, sobre aplicações deste combustível em veículos de pequeno porte como o caso de carros de passeio.
No Brasil, este assunto não é prioridade pois temos nosso Etanol que abastece nossos veículos FLEX e está presente nos tanques de combustíveis de grande parte dos veículos que circulam nas cidades do nosso país.
Riscos operacionais e à saúde da população estão presentes em diversos setores, não apenas no setor de combustíveis. Já imaginou se deixássemos de usar a energia elétrica por causa dos riscos de morte relacionados aos choques elétricos? Ou então se deixássemos de viajar de ônibus e/ou avião por causa dos riscos associados aos acidentes de transporte rodoviário ou aéreo?
A solução para estes casos passa por procedimentos operacionais, normatização técnica e padrões de uso capazes de garantir a utilização dos recursos e benefícios associados com a segurança necessária para preservação da saúde e da vida humana.
Evidentemente, já existem iniciativas avançadas nos mais diversos aspectos, que visam aprimorar mecanismos de segurança para o novo mercado de Hidrogênio Verde e seus derivados.
Agora que já temos uma visão básica dos riscos que envolvem aplicações relacionadas ao uso do Metanol como combustível e iniciativas para trazer segurança ao uso deste combustível, vamos falar das oportunidades e movimentos que as empresas de transporte marítimo estão realizando para descarbonizar suas operações?
O metanol verde, também conhecido como “e-metanol”, é produzido pela mistura de dióxido de carbono (CO2) e Hidrogênio Verde, que pode ser produzido pelas diversas rotas de produção de Hidrogênio de Baixo Carbono já mostradas aqui neste blog.
A Maersk, gigante dinamarquesa do setor de transportes marítimos, apresentou no final de 2022, um grande plano de produção de metanol verde na Espanha. Um projeto orçado em 10 bilhões de euros para desenvolver este combustível, considerado estratégico para a descarbonização do transporte marítimo.
Os estudos técnicos e a estruturação do projeto serão finalizados no segundo semestre deste ano de 2023, demandando a construção de 20 a 80 parques solares ou eólicos, distribuídos por todo o território espanhol.
A meta é produzir 2,0 Milhões de Toneladas de Metanol Verde, por ano até 2030.
O volume é suficiente para permitir que a multinacional promova a descarbonização de 10% de sua frota de navios destinada ao transporte marítimo de cargas
O plano é a criação de dois grandes centros (Hubs) espanhóis de produção de metanol verde, um na região de Andaluzia (sul) e outro na região de Galiza (noroeste), com a criação de 85.000 empregos diretos e indiretos na Espanha.
Quais lições aprendidas este projeto pode trazer para o Brasil?
Vamos avaliar 2 aspectos que merecem destaque especial:
Primeiro: Perceba que um projeto de € 10 Bilhões, tem capacidade de gerar 85 Mil empregos, demandar até 80 plantas com um mix de energias renováveis de eólica e solar. Mesmo com estes números superlativos, todo o investimento é capaz de atender somente 10% da demanda de uma gigante do setor de transportes marítimos. Isto mostra o tamanho dos investimentos que o mundo precisará realizar para alcançarmos as metas climáticas do Acordo de Paris.
O Brasil precisa estar bem posicionado para capturar o maior número de oportunidades possíveis.
Segundo: Agora imagine um navio desta empresa, atracando em um porto brasileiro que ainda não se posicionou como um Hub de Hidrogênio Verde? Por exemplo o porto de Santos em SP ou o porto de Paranaguá no PR. De onde virá o Metanol Verde, produzido com Hidrogênio de baixo carbono?
Existe alguma iniciativa para desenvolver nossa infraestrutura portuária neste sentido?
Perceba que as questões são diversas e os desafios para encaminhar as soluções precisam ser pensados e desenvolvidos destes já.
A Transição Energética exigirá profundas mudanças em cadeias logísticas, cadeias de suprimentos e uma nova visão sobre como produzimos e consumimos recursos energéticos de baixo carbono.
É hora de pensar de forma inovadora!
Acompanhe os próximos posts neste Blog para manter-se informado sobre este mercado!
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Elaborado por Frederico Freitas
O conteúdo aqui postado é apenas para fins informativos e compartilhamento de conhecimento profissional.
Se busca informações para desenvolver projetos de sustentabilidade energética ou de qualquer outra natureza, é indispensável a contratação de profissionais habilitados capazes de entender pontos específicos do seu projeto e propor a solução adequada.
Imagem de tawatchai07 no Freepik
